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  • Foto do escritorOsvaldo Shimoda

Mediunidade e Loucura


Como distinguir um transe mediúnico de um transtorno psiquiátrico? Existem coisas na vida que são difíceis de distinguir, divisar claramente. Por exemplo: Como distinguir o real do imaginário? A persistência da teimosia? A potência da onipotência? A passividade da resignação? (o que podemos e não podemos mudar em nossas vidas). A linha é realmente bastante tênue, pois há uma sutil fronteira que nos dificulta responder com clareza a essas perguntas. O mesmo ocorre entre loucura e sanidade. A grande maioria dos psiquiatras e psicólogos não toma o devido cuidado de fazer um diagnóstico diferencial entre um transe mediúnico de incorporação, que é normal, de um distúrbio psiquiátrico propriamente dito.

Mas por quê? Porque o paradigma médico e psicológico vigente - ainda hoje ensinado nas universidades - equivocadamente não vê o ser humano em sua totalidade (mente, corpo e espírito), adotando, portanto, um critério científico puramente organicista, não levando em consideração a existência da alma, do espírito. No entanto, a comunidade científica médica norte-americana já reconhece o aspecto espiritual do ser humano. O DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria) - referência internacional, onde os profissionais da área de saúde mental consultam esse manual que lista diferentes categorias de transtornos mentais e critérios para diagnosticá-los -, atualmente está em sua 5ª revisão.

Sendo assim, o DSM-V, já está revisado com uma alteração muito importante: deixa de incluir casos de transe religioso (cultos evangélicos, espíritas, umbandistas, de candomblé, etc.) como um distúrbio de personalidade, ou seja, uma personalidade múltipla (transtorno dissociativo de identidade, originalmente denominado transtorno de múltiplas personalidades). Sem dúvida alguma, essa alteração é um grande avanço para que o profissional da área de saúde mental não faça um diagnóstico equivocado de um transe mediúnico, que é uma manifestação normal, espiritual, de um distúrbio psiquiátrico, aí, sim, patológico, doentio.

Desta forma, nos cultos religiosos, quando o médium de psicofonia em transe incorpora diferentes seres espirituais, seja da luz ou das trevas, não é visto mais pela Associação Americana de Psiquiatria como um caso psiquiátrico, um distúrbio de personalidade, de identidade. Mas, quero ressaltar nesse artigo, que o leitor atente para o velho jargão médico "Cada caso é um caso", pois é importante realizar uma análise mais detalhada e cuidadosa de cada caso, porque existe uma sutil fronteira entre a sanidade e a loucura - conforme mencionei no início desse artigo - onde mesmo um terapeuta mais experiente tem dificuldade de diagnosticar com precisão.

Veja, como exemplo, um paciente que veio ao meu consultório com um problema psiquiátrico de personalidade múltipla, agravado pela presença de seu obsessor espiritual. Caso Clínico:

Personalidade Múltipla (Transtorno Dissociativo de Identidade).

Homem de 42 anos, solteiro. Paciente veio ao meu consultório, querendo entender por que sua vida financeira estava travada, ou seja, quando conseguia juntar dinheiro, algo sempre o obrigava a gastar o que havia economizado.

Desta forma, queria saber por que acontecia isso, pois não conseguia prosperar.

Não conseguia, também, resolver sua vida afetiva - brigava muito com sua namorada, que havia se separado do marido, recentemente, e, com isso, o relacionamento não atava e nem desatava, isto é, o casal não conseguia ficar junto por conta das brigas constantes, mas, também não conseguia se separar. Por último, queria saber por que era tão vingativo, tratava às pessoas na mesma moeda, ou até pior. Após passar pela 1ª sessão de regressão, tive uma forte impressão que o paciente apresentava um desequilíbrio psiquiátrico, um transtorno dissociativo de identidade, ou seja, múltiplas personalidades, embora não tivesse certeza; por isso, resolvi continuar com as sessões de regressão.

Na 2ª sessão de regressão, assim ele me relatou: "Alguém está me dizendo: - Você está f... Mané! É um ser espiritual... Eu não o vejo, mas sei que é ele que está falando. (pausa).

Agora, tem um outro ser que me fala: vem para esse lado, seu trouxa! (pausa). Ouço outra pessoa... é uma voz feminina. Ela diz que é a minha mentora espiritual. Fala que é para confiar nela, que vamos enfrentar tudo juntos.

Fala que esses seres das trevas são zombeteiros, só estão aqui para me encher. Ai... tomei um tapa na cara de um deles! (paciente fala gritando). A minha mentora espiritual fala para não entrar na sintonia deles. (pausa). Tomei outro agora! (paciente diz colocando a mão no rosto).

Ela diz que o Anderson Silva (lutador brasileiro, campeão do UFC e o maior lutador de MMA da atualidade) vai estar aqui para me proteger. Agora, tomei um soco na barriga, mas não senti dor, só o impacto da porrada! A minha mentora espiritual fala que estou sentindo tudo isso por causa de minha mediunidade. O espírito zombeteiro está me dizendo: - Mediunidade o c..., seu f.d.p.! A minha mentora espiritual fala que está me preparando para uma luta mortal que ocorreu há muito tempo, na época do Rei Arthur. Diz que é um embate entre as trevas e a luz.

Diz ainda, que sou um grande soldado, fiel, que não aceito traição, que vou matar um traidor, um Judas por dia. Sinto-me, agora, manuseando uma espada com a mão direita. Vejo-me com uma armadura, coordenando um ataque". - Contra quem? - Pergunto ao paciente.

"Deus Zebu (Diabo). Estou organizando um ataque, conversando com os meus arqueiros. Eu digo: - Hoje é o dia do acerto final, é para a gente por um ponto final, acabar com as trevas e começar um novo dia, mesmo que precise morrer para que isso aconteça(subitamente, o corpo do paciente se mexe bruscamente no divã como se tivesse levado um susto).

Alguém me deu um soco novamente em minha barriga! (pausa). Vejo, agora, sentado no sofá daqui do consultório, um ser espiritual das trevas que me diz: - Você está f..., até mais Mané! Te vejo no campo de batalha... Era um homem, não o vi direito, mas sei que era um homem pelo corte de seu cabelo. (pausa).

Vejo, agora, um homem sendo crucificado, com um coroa de espinhos na cabeça. Acho que é Jesus Cristo. Há muita gente comemorando sua crucificação, é muito triste ver tudo isso (paciente chora). Ai... atiraram as lanças em minha barriga (paciente grita, gemendo e se contorcendo).

Acho que é aquele ser espiritual que estava sentado no sofá do consultório... É ele mesmo, está me falando que vou sofrer muito ainda. Tento convencê-lo para ter piedade, mas, ele corta o meu braço com sua espada, e deu um chute na minha cara. Manda falar para o senhor que ele está pisando a minha cabeça". - Pergunte por que ele está fazendo isso com você? - Peço ao paciente.

"Porque estou contra ele, que ele representa o diabo (paciente fica como se tivesse desacordado, inconsciente). Não consigo falar, estou morto. Ele fala que já fui um deles, mas que depois fui para o outro lado procurar a luz e acabei daquele jeito, morto.

A minha mentora espiritual me fala que confia em mim, que tem certeza que não vou mudar de lado, ou seja, voltar novamente às trevas, e que quando estava do outro lado, nas trevas, era muito eficiente. (pausa). Alguém pegou a minha mão e está apertando a minha garganta (paciente aperta a garganta com sua mão direita, falando com dificuldade, sentindo-se sufocado).

Ela diz que preciso desenvolver a minha mediunidade porque é coisa de família, pois todos somos médiuns. Fala que no começo vai ser estranho, que vou passar mal, mas que vou acabar me acostumando.

Fala ainda, que vai me dar um consolo, deixando-me fumar, mas pede para não beber e evitar comer comida gordurosa, senão vou enfartar. Afirma que está orgulhosa de mim, por não ter cedido à pressão das trevas. Mas adverte que o assédio espiritual vai ser grande daqui para frente. Agora, ela está indo embora". Após a 2ª sessão de regressão, o paciente ligou em meu consultório dizendo que havia intensificado o assédio espiritual, que, novamente um ser das trevas lhe deu um soco, e que aquele ser espiritual, que estava sentado no sofá do consultório lhe falou que não iria deixá-lo em paz. Por fim, sentia-se muito vulnerável aos ataques espirituais. Depois dessa conversa, resolvi pedir orientação aos mentores espirituais da casa (clínica) sobre esse paciente, para que eles me confirmassem se era ou não um caso psiquiátrico. Assim, através de meu assistente que é um médium de canalização, conseguimos às informações necessárias.

Transcrevo na íntegra a canalização passada por um dos nossos mentores espirituais: "O paciente tem apenas um obsessor espiritual, que se chama José. Na vida anterior à atual, ele e o seu obsessor espiritual eram amigos e gostavam da mesma mulher. Ela escolheu José, casaram-se, e ela engravidou.

Jorge (nome do paciente nessa vida passada) inventou uma estória dizendo para o amigo José que seus pais estavam muito doentes (os pais de José viviam numa região mais distante).

Jorge aconselhou José que viajasse para ver seus pais, e que se despreocupasse, pois cuidaria de sua plantação e de sua casa. O amigo foi viajar, mas, caiu em uma emboscada, onde o próprio Jorge (paciente) o matou e sumiu com o seu corpo.

Jorge disse para a esposa do amigo, que seu marido tinha reencontrado uma antiga namorada, e que resolveu ficar com ela. A esposa ficou desesperada porque estava grávida e sozinha, e, com isso, Jorge prontamente se ofereceu para cuidar dela.

Ele era manipulador (e continua sendo na vida atual), criou muitas estórias para a esposa do amigo dizendo que tinha notícias dele, que estava bem, e que já era pai de outros filhos.

O filho da esposa do amigo nasceu e era muito parecido com o pai, e, por isso, Jorge o odiava e maltratava muito a criança. Mas, no fundo, a esposa do amigo não acreditou em Jorge, pois sabia que havia amor entre ela e o marido, porém, ela tinha receio de Jorge, pois ele era violento e sempre lhe dizia que tinha sido ele que fez o favor de cuidar dela e da "maldita" criança.

A esposa do amigo e o filho o perdoaram, porém, José (obsessor espiritual), não. Disse que não ia embora e que seu objetivo está sendo alcançado, que é deixar Jorge (paciente) louco. O paciente tem vontade de conhecer mulheres comprometidas, na vida atual, e que isso ele ainda traz dessa vida passada. Sua alma quer fazer de novo o que fez com o amigo, ou seja, ainda não aprendeu a lição de não se envolver com mulheres casadas. É por isso que José não quer ir embora, deixá-lo. O mentor espiritual da casa (clínica) obteve todas essas informações conversando com o mentor espiritual do próprio paciente (embora o paciente tenha relatado em sua 2ª sessão de regressão, que tinha uma mentora espiritual, o certo é que ele tem um mentor e não uma mentora espiritual). O mentor espiritual do paciente disse que, quando ele reencarnou na vida atual, trouxe muitas coisas - traços e inclinações negativas daquela existência passada - e mistura seus desejos com o de seu obsessor espiritual.

Na verdade, há uma ligação muito forte entre os dois (paciente e o seu obsessor espiritual), pois ambos estão unidos pelo ódio e inveja (é importante esclarecer, que não é só o amor que une às pessoas, mas, o ódio também).

Ele esclarece, portanto, que o paciente está passando por um resgate cármico e pede para que ele não repita os mesmos erros de outrora, que é enganar às pessoas.

Seu mentor espiritual afirma, que é o obsessor espiritual do paciente que está causando seu problema psiquiátrico, e que é importante ele passar por um psiquiatra e ser medicado, pois a interferência de seu obsessor espiritual está lhe causando um quadro alucinatório, ou seja, acontecimentos que não são verdadeiros.

Não há ninguém o espancando, isso é criação de sua mente perturbada, enferma, e que seu obsessor espiritual se aproveita disso para levá-lo à loucura.

Ele pede, também, para o paciente orar (e muito), isto é, fazer a oração do perdão de coração para José, seu obsessor espiritual, e não dar importância ao que ele mesmo cria". Após receber a canalização, liguei para o paciente, e lhe pedi que viesse em sua 3ª sessão, acompanhado de sua mãe e irmã, pois, na ocasião, ele morava com elas e, após ler a canalização para os três, orientei-o a buscar auxílio de um psiquiatra, bem como fazer a oração do perdão para seu obsessor espiritual.




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