Religião é diferente de Espiritualidade
“O rótulo religioso não passa de uma experiência transitória em determinada época do curso ascensional do espírito eterno”. - Ramatis
As religiões praticaram (e ainda praticam) atrocidades no mundo todo, sempre em nome de Deus e da fé.
Na inquisição, filósofos e cientistas como Giordano Bruno, Copérnico e Galileu Galilei, que se opuseram à visão geocêntrica (a Terra é o centro do Universo), foram perseguidos pela Igreja Católica à qual, em defesa de seus dogmas, acusou-os de heresia ou bruxaria junto de inúmeras outras pessoas, muitas das quais foram queimadas na fogueira.
Por questões religiosas, nas guerras santas, travaram-se violentas e sangrentas batalhas, onde também inúmeras vidas foram ceifadas.
Atualmente, os conflitos entre judeus, cristãos e muçulmanos, no Oriente Médio, ameaçam a Paz Mundial. Com frequência, vemos nos noticiários explosões de bombas em igrejas, mesquitas e sinagogas.
Ainda no campo religioso, vemos também o crescimento das Igrejas Evangélicas, cada uma interpretando a Bíblia do seu modo, e a crescente mercantilização da fé (o dinheiro é a moeda de troca).
Apesar dos grandes avatares como Sidarta Gautama (Buda), Jesus, Krishna, Maomé e Moisés, entre outros, terem trazido grandes avanços à humanidade, muitos de seus seguidores acabaram deturpando a proposta original desses mestres.
No movimento espírita, apesar do imenso respeito e de reconhecer e me identificar com as obras de Kardec, de acordo com a minha experiência no consultório com as manifestações espirituais de meus pacientes (conduzi até hoje mais de 50.000 sessões de regressão), sou obrigado a discordar em parte de sua metodologia, no tratamento da desobsessão espiritual.
Nos centros espíritas kardecistas, é comum os médiuns da casa não deixarem o obsidiado saber quem é o seu obsessor espiritual e o que fez com ele, ou seja, qual o prejuízo que lhe causou na vida passada.
A alegação para isso é que se o obsidiado souber o que fez ao ser espiritual obsessor, irá gerar uma animosidade entre as partes envolvidas, podendo aumentar o ódio do obsessor espiritual, bem como a culpa e o remorso do obsidiado.
Em tese, essa alegação parece ter fundamento, mas, em minha prática clínica, ocorre justamente o contrário, pois, quando o paciente entra em contato com o seu obsessor espiritual, conversa com ele, e fica sabendo do mal que lhe causou na vida pretérita, isso facilita - e muito - o processo de reconciliação entre ambos.
Ao lhe entregar a oração do perdão - agora consciente do que lhe fez -, o paciente tende a orar com mais empenho para o seu obsessor espiritual.
Sem dúvida alguma, a oração do perdão realizada de coração, com sinceridade, facilita muito a reconciliação, fazendo com que o obsessor espiritual aceite ser levado para a luz de maneira melhor.
Entretanto, há casos em que o mentor espiritual não revela o que o paciente fez ao seu obsessor espiritual, pois sabe que isso não lhe será benéfico (nessa terapia, é sempre o mentor espiritual do paciente que decide se irá ou não revelar o que fez ao seu desafeto do passado, seu obsessor espiritual).
Há ainda a questão do descortinamento do véu do esquecimento do passado. Muitos kardecistas defendem que “jamais deve-se descortinar o véu do esquecimento, através da regressão de memória, pois Kardec se referiu a esse véu como uma benção, um presente de Deus”.
Eu me recordo de uma paciente, que, na ocasião, numa das sessões de regressão, no início, ela me disse: - Dr. Osvaldo, eu não vou mais continuar com essa terapia! Eu lhe indaguei: - Por quê?”
- Eu falei para o dirigente da casa espírita que estava fazendo essa terapia, e, com a regressão de memória, foi-me revelada muitas de minhas vidas passadas.
Ele me interpelou e disse: - Cuidado com esse tipo de terapia! Kardec dizia que “jamais deve-se descortinar o véu do esquecimento, pois, ela é uma benção, presente de Deus!”. Se fosse você, eu não continuaria mais com essa terapia.
Respondi à paciente: - Se o seu dirigente lhe provar qual a obra, o capítulo e a página que Kardec escreveu que “jamais” deve-se descortinar o véu do esquecimento, fala para ele que vou pessoalmente lhe pedir desculpas.
Mas, se ele não lhe mostrar a obra que Kardec usou o termo “jamais” em relação ao descortinamento do véu, ele precisa se retratar com você, pois está sendo um irresponsável, leviano, está te influenciando a desistir dessa terapia e, com isso, você está perdendo a grande oportunidade de saber a causa e a resolução de seus problemas, bem como os aprendizados necessários e indispensáveis à sua evolução.
Ela deu o meu recado ao dirigente, mas, segundo à paciente, ele desconversou, não lhe dizendo qual a obra que Kardec se utilizou do termo “jamais”.
Eu lhe mostrei a obra de Kardec “O Livro do Espírito”, capítulo VIII – Esquecimento do Passado”, página 165, onde ele escreveu: “Integrado na vida corpórea o Espirito perde momentaneamente a lembrança de suas existências anteriores como se um véu as ocultasse. Não obstante, tem às vezes uma vaga consciência, e elas podem mesmo lhe ser reveladas em certas circunstâncias (grifo meu).
Mas isto não acontece senão pela vontade dos Espíritos superiores, que o fazem espontaneamente, com um fim útil e jamais para satisfazer uma curiosidade vã”.
Então, expliquei à paciente que Kardec colocou 3 condições para se descortinar o véu do esquecimento: 1) Em certas circunstâncias (ele não especificou em que circunstâncias);
2) Senão pela vontade dos Espíritos superiores (nessa terapia, a TRE, o mentor espiritual do paciente, que é um espírito superior, é que vai ou não revelar algo de seu passado);
3) Com um fim útil e jamais para satisfazer uma curiosidade vã (a regressão de memória não é para satisfazer, inflar o ego do paciente, para saber se ele foi um rei, figura histórica, famosa, mas, sim, é um instrumento terapêutico de autoconhecimento e cura para que ele possa se libertar de seus traumas psíquicos do passado, reprimidos em seu inconsciente, bem como de uma eventual interferência espiritual obsessora que possa estar bloqueando a sua vida).
Após o meu esclarecimento, ela resolveu dar prosseguimento à terapia.
Há ainda muitos espíritas (não todos, obviamente) que transformaram as obras de Kardec em uma ortodoxia dogmática, inquestionável, não aceitando outras metodologias ou ensinamentos, como por exemplo, àquelas dos grandes mestres ascensionados da Fraternidade Branca.
É importante lembrar que a Doutrina Kardecista é evolucionista e seus fundamentos também podem ser encontrados em outras religiões, em outras obras, como o Bhagava Gita, o Alcorão e outras obras orientais.
Kardec em nenhum momento orientou para que os espíritas estudassem somente aquilo que está escrito em suas obras; pelo contrário, ele deixou claro que novas matérias viriam complementar o que escreveu.
Todos os grandes mestres pregaram o desprendimento, mas o que os seus seguidores fazem é cultivar o apego, a posse do que eles falaram. Daí surgem as guerras, as ofensas, as discussões infindáveis entre diferentes religiões e doutrinas.
Todos os caminhos levam a Deus, mas, muitos acham que o seu caminho é melhor do que o dos outros.
No meu entender, religião e espiritualidade são coisas distintas, a começar pelas inúmeras religiões, crenças e seitas espalhadas pelo mundo (passa de 10.000), enquanto a espiritualidade é apenas uma, e, para entrar em contato com a realidade espiritual, não é necessariamente obrigatório frequentar alguma religião, doutrina, seita ou grupo espiritualista.
As religiões são criações dos humanos, são instituições com um conjunto de regras dogmáticas; muitas falam do pecado e da culpa, ameaçam, atemorizam, não indagam, não questionam, causam divisões, disputas, alimentam o ego, enquanto a espiritualidade convida o ser humano a prestar atenção à sua voz interior (intuição), a racionar, a questionar, a ver a vida de forma relativista e não absolutista, aquela visão dicotômica do certo e errado, como comumente muitas religiões fazem.
Além de todos esses benefícios, a espiritualidade traz também paz interior, é divina, sem regras, promove união, fortalece a confiança e a fé, transcende o ego e nos convida a expandir a consciência.
Por todas essas distinções, quero esclarecer ao leitor, que a TRE (Terapia Regressiva Evolutiva) – A Terapia do Mentor Espiritual, método terapêutico de autoconhecimento e cura, criado por mim em 2006, é uma terapia independente, desvinculada de qualquer religião, doutrina, seita ou grupo espiritualista. Ressalto, portanto, que a TRE não é uma terapia espírita ou religiosa como muitos ainda pensam.
Nesta terapia, quando o paciente conversa com o seu mentor espiritual e recebe suas sábias orientações, acerca da causa de seus problemas e sua resolução, está entrando em contato com a espiritualidade, com a realidade espiritual.
Caso Clínico:
Por que as pessoas dependem de mim financeira e emocionalmente?
Mulher de 37 anos, solteira. A paciente veio ao meu consultório, querendo entender por que seus entes queridos (namorado, mãe, dois irmãos e as famílias deles) dependiam dela financeira e emocionalmente.
Em relação ao namorado, havia uma ligação muito forte entre os dois, o mesmo ocorrendo também com sua mãe, que a protegia em excesso. Por fim, queria saber por que tinha medo de ter filhos.
Após passar por 5 sessões de regressão, na sexta e última, ela me relatou: “Sinto como se estivesse num túnel correndo muito rápido... Vejo imagens, elas passam muito rápido”.
- Veja onde você vai parar? - peço à paciente.
“Não paro... Agora aparece um monte de flashes... Vejo uma luz dourada do meu lado direito. É uma luz que transmite calor, sensação de paz... Ela é gostosa”. (ela estava descrevendo a luz de um ser espiritual).
- Pergunte para esse ser espiritual se ele tem algo a lhe dizer?
“Diz que é o meu mentor espiritual, mas que eu estou duvidando, que não estou acreditando no que ele está me dizendo”.
- Pergunte-lhe de onde vem sua dúvida, seu ceticismo?
“Diz que algumas pessoas, de determinadas religiões - pai de santo, padre, pastor - usaram da minha boa-fé, e por isso não acredito mais nesse lado espiritual.
Afirma que ele tem muitas coisas para me dizer, mas que não estou deixando por conta dessa dúvida, dessa desconfiança.
Pede para eu abrir o meu coração e sentir mais, pois preciso saber, entender muitas coisas a meu respeito. Pede também para olhar mais para o meu interior. (pausa).
Agora, vejo uma cidade muito antiga, de ruas estreitas. É dia, tem um monte de gente passando, carregando cestos, água, usam um capuz na cabeça.
Na verdade, é um mercado, uma feira. A cena passa em preto e branco. Eu uso uma capa preta... É uma vida passada.
As pessoas circulam, mas não olham para mim. Sou bem velhinha. Acho que elas têm medo de mim, como se eu pudesse fazer mal para elas”.
- Que mal? - Pergunto à paciente.
“Sei coisas que elas não sabem, pois, de certa forma sou diferente delas, ou seja, mexo com ervas, curo às pessoas. Por isso, elas têm medo de mim. Sei coisas que elas não sabem. Mas elas me procuram, quando precisam de alguma coisa”.
- Que coisa? – Pergunto-lhe novamente.
“São coisas que elas não conseguem resolver. Na verdade, eu pratico o bem e o mal, mas não os diferencio; o que me pedem, eu faço. É assim que vivo, elas me pagam pelo meu serviço. (pausa).
O meu mentor espiritual me esclarece que o bem e o mal são coisas relativas. Muitas vezes, aquilo que parece maléfico, pode não ser, porque tudo na vida tem um motivo, uma razão de ser.
Fala que eu fui um instrumento da espiritualidade, nessa vida passada. Afirma que existem forças que a gente não compreende, mas que sempre eu fui um instrumento dessas forças.
Por isso, nem sempre o mal é mal, e o bem é bem. Há coisas que precisam ser feitas. Diz que eu tinha uma grande ligação com o plano espiritual, e que hoje essa ligação me foi negada como uma proteção para escapar de meus inimigos.
Ele diz que isso explica por que sou tão cética, mas que nesse momento esse ceticismo é uma bênção para ficar afastada dos poderes, da ligação estreita que tinha com o plano espiritual.
Por isso, na vida atual, preciso aprender a viver sem essa ligação estreita e com os poderes que tinha naquela vida passada. Ele me esclarece que esses poderes me foram tirados também para o meu aprendizado”.
- O que você precisa aprender?
“Preciso aprender que não posso controlar, dominar todos que estão à minha volta. Revela que eu fazia isso, nessa existência passada, quando era uma bruxa.
Diz que preciso aprender que a doçura tem mais força, mais poder, e que ajoelhar-se não é perder, mas, é um ato de humildade. Doar faz parte disso, e é dessa forma que vou aprender a ser mais humilde.
Ele me fala: - Você não sabia o que era errado, mas fez também muitas coisas certas. Por isso, tem tanto amor ao seu redor. Entretanto, precisa aprender a acreditar mais em si e lutar menos contra a vida. É preciso deixar que sua intuição, a voz de sua alma fale mais alto, pois a ligação com o plano espiritual está dentro de você; porém, quero lhe lembrar novamente que essa ligação não ocorrerá tão facilmente como antes’. (pausa).
- Pergunte ao seu mentor espiritual o que você tem de fazer?
“Diz que preciso esperar, que as coisas irão vir como um novelo de linha, e vou aprender a desembaraçá-lo.
Diz ainda: - Uma das suas provas, nessa vida terrena, é a paciência, é não saber do futuro, é aprender a dominar seu defeito que era controlar tudo, inclusive a vida. (pausa).
Eu lhe perguntei se estou precisando acreditar mais em Deus?
Fala que preciso acreditar em mim mesma, porque duvido daquilo que sinto, e que não confio na minha intuição”.
- Pergunte-lhe por que os seus entes queridos dependem de você financeira e emocionalmente?
“Diz que é um resgate cármico do mal que lhes fiz no passado, mas que não vai entrar em detalhes do que fiz”.
- Pergunte ao seu mentor espiritual qual o seu verdadeiro propósito de vida na encarnação atual?
“Acreditar, ter fé, não duvidar de que existe uma força maior ao nosso redor.
Eu lhe pergunto por que essa ligação tão forte que tenho com o meu namorado e com a minha mãe?
Em relação ao meu namorado, ele diz que ainda vou descobrir, e com a minha mãe é porque ela tem muito medo de me perder.
Afirma que, numa vida passada, ela me perdeu quando ainda eu era criança. Fui tirada dela e nunca mais me encontrou. (pausa).
- Pergunte-lhe se você está realmente ajudando os seus entes queridos ou os prejudicando em suas aprendizagens?
“Ele me responde: - Seus entes queridos vão estar na sua vida ainda por um tempo. Quando não for mais necessário, não irão mais depender de você. O tempo de cada um deles é diferente, mas certamente terá um fim”.
- Por que o medo de ter filhos?
“Porque têm outras coisas para eu cuidar, pois, na encarnação atual, não vim para ter filhos. Mas diz que existem outros tipos de filhos, ou seja, os não biológicos.
Revela que os meus irmãos de hoje, são os meus filhos espirituais (são filhos de sua família de origem do plano espiritual, de onde vieram antes de reencarnar). Por isso, eles buscam o meu apoio, a minha ajuda.
Finaliza, dizendo que tenho ainda um longo caminho a percorrer na existência atual”.
- Qual é o nome de seu mentor espiritual? - Peço à paciente.
“Ele gostaria que o chamasse apenas de Irmão, pois esclarece que nomes são rótulos, que outrora carregamos, e que nos foram dados em várias experiências encarnatórias”.
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