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  • Foto do escritorOsvaldo Shimoda

Você é hipocondríaco(a)?


Segundo o Manual de Transtornos Mentais, publicado pela Associação Americana de Psiquiatria (A.A.P), a Hipocondria é um transtorno mental que leva os pacientes a acreditarem que estão com uma doença grave.


A hipocondria vem agravando consideravelmente as pessoas que têm esse problema, principalmente por conta da pandemia do COVID- 19. É o que venho observando em meus pacientes, portadores desse transtorno mental.


Vem à mente deles os seguintes pensamentos: “Pela superlotação dos hospitais privados e públicos, será que vou ser atendido se contrair o novocoronavírus?”;


“Vou morrer, sofrendo, com falta de ar, caso venha a contrair esse vírus?”;


“E se os meus pais, do grupo de risco, morrerem se contraírem o COVID-19?”.


Quando sentem dores de cabeça, de garganta, calafrios, começam a associar que está infectado com o coronavírus. Apesar de medir várias vezes sua temperatura e o resultado ter dado normal, sem febre, continuam a medir de hora em hora.


Andam sempre com remédios anti-inflamatórios, analgésicos, calmantes e outros medicamentos.


Quando sentem dores de cabeça, acham que vão ter um aneurisma e virem a morrer. Se sentirem dores no peito, associam a um infarto, e ato contínuo medem várias vezes a pressão arterial.


Achar que vão morrer por conta desses sintomas, fazem com que entrem em pânico.


Podem desenvolver também a agorafobia, isto é, medo intenso de morrer em lugares abertos, amplos, como praias e campos isolados, afastados, sem ninguém, ou mesmo no meio de pessoas desconhecidas e não serem socorridos, caso tenham alguma doença.


Os hipocondríacos tendem a fantasiar, ficam temerosos, quando um médico pede para fazer exames. Exemplo: “Se o médico me pediu para fazer esses exames, é porque o meu caso é grave. Uma dor de cabeça como essa, deve ser algo grave. Posso estar com tumor cerebral”.


Muitos pacientes hipocondríacos, ficam constantemente se autoexaminando e se autodiagnosticando ou lendo bulas. Mas há os que fazem o contrário: não leem mais bulas, trocam de canal na TV quando um programa de saúde está começando ou passam rapidamente a página de uma revista, quando a matéria é sobre uma doença específica.


Buscam constantemente um conforto de médicos, amigos, familiares, de que está tudo bem, que não está doente, mas, dura pouco, pois acabam voltando a ficar preocupados e com medo de contrair uma doença.


Em resumo: eles desenvolvem o hábito de pedir apoio o tempo todo, querendo conforto e segurança em alguém que confia, mas, mantém o foco nos sintomas das doenças em suas mentes, desenvolvendo um quadro de ansiedade e preocupação constante.

Caso Clínico: Por que sou hipocondríaca?

Mulher de 25 anos, solteira.


A paciente veio ao meu consultório, com um quadro clínico de hipocondria, com muito medo de morrer. Quando tinha dores de cabeça, achava que ia ter um AVC (Acidente Vascular Cerebral); quando tinha dores no peito, já associava a dores do infarto, achando que ia morrer, que não chegaria a tempo no hospital, e isso a deixava em pânico. Quando sentia dores no estômago, vinha o pensamento que poderia ser um tumor cancerígeno.


Não frequentava lugares amplos, principalmente sozinha, como praias ou campos afastados da cidade. Jamais andava desacompanhada em metrô, ônibus ou shopping (sempre ia acompanhada de uma pessoa conhecida, pois tinha medo de passar mal e não ser socorrida a tempo e vir a morrer).


Não conseguia também dormir direito, acordava, diariamente, de madrugada, assustada, e não conseguia voltar a dormir. Quando tossia ou sentia dores de garganta, ficava em dúvida se estava infectada com o novocoronavírus; imediatamente tomava um antigripal, mas, não procurava um hospital, pois tinha medo de ser contaminada pelo COVID-19 ou piorar e não ser atendida pelo colapso da pandemia.


A hipocondria se manifestou, pela primeira vez, aos 16 anos, quando teve uma forte crise alérgica no rosto, que a deixou cheia de manchas e bolinhas vermelhas.


Tinha o hábito de ler as bulas dos remédios, mas, ultimamente evitava ler, pois ficava com medo de se identificar com os sintomas da doença, descritos na bula.


Após ter passado por 5 sessões de regressão de memória, na 6ª e última sessão, ela me relatou: -

Há uma pessoa que não me deixa entrar, é uma mulher (paciente estava descrevendo uma vida passada).


Ela é gorda, usa aqueles vestidos vermelhos de bordel, e usa também luvas. Essa mulher tira um sarro de mim, dizendo: - Olha quem apareceu aqui? Não vou deixá-la entrar, não! Dá risada, olhando para as outras mulheres, que também riem de mim.


Ela fala: - O que você veio fazer aqui? Seu homem não está aqui! Manda-me sair, empurrando-me para fora do recinto. Estou toda maltrapilha, suja, bem pobre. Fico na rua, chorando, eu me sinto só, desprezada, com medo, pois não tenho um teto para morar.


- Você consegue se ver?


- Sim. Meu cabelo é escuro, liso, sou magra, mas estou toda suja.


- Que idade você aparenta ter?


- Uns 20 anos.


- O que você foi fazer naquele bordel?


- Não sei, queria entrar lá. Vejo carruagens passando na rua, homens a cavalo. Estou sentada num canto da rua, encolhida, comendo um pedaço de pão, pois estou esfomeada e com muito frio.


- Vou contar de 3 a 1 e você vai retroceder, voltar no tempo para saber por que está com fome, maltrapilha e suja?


- Eu trabalhava naquele bordel.


- Você consegue se ver?


- Sim. Eu me vejo arrumada, maquiando-me.


- Onde você está?


- Sentada na cadeira, olhando para o espelho, pois estou me maquiando.


- Como é o seu rosto?


- Estou cheio de maquiagem, cabelo preso, uso uma roupa amarela, bem vestida.


- Vai prosseguindo nessa cena e veja o que mais você vê?


- Agora, estou conversando com um homem. Ele é bonito, todo arrumado.


- Aonde você conversa com ele?


- No bordel e o seu nome é Dom Carlos – ele é o meu cliente. Parece que ele tem muito dinheiro, gosta de mim e eu dele. Mas a gente discute porque eu queria que ele deixasse sua família, esposa e filhos, para ficar comigo.


- Qual a reação dele?


- A gente discute, estou chorando, ele fala que não vai largar a sua família para ficar comigo. Diz que vai embora e que nunca mais vai pisar nesse bordel. Tempos depois, eu acabei largando o bordel e fui atrás dele, mas não o encontrei.


- Vou contar de 1 a 3 e você vai avançar mais para frente nessa cena para ver o que acontece com você?


- Fui atrás dele, mas não o achei, o dinheiro foi acabando e fiquei sem lugar para morar. Agora, estou a frente do portão da casa dele, é um portão alto, eu o chamo, mas ele não me atende.


Vou embora, chorando, não sei o que fazia. Tento voltar para o bordel, mas ninguém me aceita de volta, não tenho um lugar para morar.


- Avance mais para frente nessa cena e veja o que mais que você vê?


- Estou doente, meu rosto está todo empipocado, cheio de manchas e bolinhas vermelhas. Eu me sinto feia.


- Veja o que mais que você vê?


- Voltei, agora, na adolescência, ainda nessa vida passada. Eu era pobre, filha única, os meus pais morreram, por isso, fui procurar emprego naquele bordel e acabei trabalhando lá como prostituta.


O Dom Carlo frequentava esse bordel como meu cliente, desde que comecei a trabalhar lá.


Quando a gente brigou, ele me falou que não ia ficar com uma vagabunda e largar sua família.


Após ter largado o bordel, eu me tornei uma mendiga, moradora de rua, fiquei sozinha, desamparada. A minha mentora espiritual me fala que sofri muita fome e frio, mas depois ele acabou voltando para me procurar no bordel, bem depois que havia saído de lá.


Ele ficou desesperado, porque não sabia onde eu estava. Ele não sabia que eu tinha me tornado uma mendiga, moradora de rua. Mas um dia, eu o vi me procurando na rua, mas, me escondi, pois não queria que ele me visse naquele estado.


Acabei morrendo na rua, sozinha, sem nenhuma ajuda, desamparada, com muita dor e sofrimento, por conta da doença que contraí.


- No momento de sua morte, o que você sentiu?


- Dor, rejeição, sofrimento, desamparo, solidão, angústia, raiva, pois ninguém me ajudou, me amparou. Senti raiva dele por ter preferido ficar com a sua família. Senti também um misto de vergonha dele me ver naquele estado porque eu era uma mulher jovem e bonita.


Mas, ao mesmo tempo, queria que ele sofresse, não me achasse para sentir o que eu senti. Acho que ele ficou com remorso, a vida inteira.


A minha mentora espiritual me diz que essa existência passada foi na França, em 1745. Diz que morri com muita raiva dele por não ter me assumido, por conta de que eu era prostituta. Ele gostava de mim, mas não teve coragem de me assumir.


Ela me mostra, agora, após a minha morte, ele bebendo muito, passando o resto de sua vida se lamentando por não ter tido coragem de ficar comigo. O casamento dele era de interesse, arranjado, ele não gostava de sua esposa.


Só consigo vê-lo sofrendo, bebendo, pedindo perdão, depressivo, mas eu não estava mais lá. A minha mentora espiritual me mostra também outra vida, anterior a essa que fui prostituta. Eu o vejo muito rico, também, morando num castelo, e eu pobre, camponesa, morando numa pequena aldeia.


Ele não me assumiu, também, mas, desta vez, porque eu era pobre e acabei morrendo e ele também se lamentou muito.


- A história se repete – Digo à paciente.


- Minha mentora espiritual, agora, está me revelando (nessa terapia, quando o mentor espiritual do paciente acha benéfico, útil, faz uma revelação futura do que ainda vai acontecer na vida presente) que a gente ainda vai se reencontrar na vida atual para ficarmos, desta vez, juntos, mas no tempo de Deus e não no meu tempo.


Afirma, que preciso aprender, que as coisas não têm que ser tudo como quero. Fala que fui muito impulsiva, naquela vida passada como prostituta, quando fui atrás dele, não medindo as consequências.


Ela me esclarece, também, que hoje, na vida atual, eu comecei a desenvolver a hipocondria, aos 16 anos, quando tive aquela crise alérgica, que deixou o meu rosto todo empipocado, porque naquela vida passada, como moradora de rua, eu morri também cheio de manchas e bolinhas vermelhas no rosto. Isso foi um gatilho que disparou, desencadeou o trauma psíquico da forma como morri.


Por isso, hoje, desenvolvi a hipocondria, com muito medo de morrer doente novamente. Mas ela me acalma, dizendo que estou curada, pois, essa terapia, a TRE, vai de encontro com a máxima de Cristo “Conhecereis a verdade e a verdade vós libertarás”.


Diz que, pelo fato dela ter me mostrado a verdade, isto é, a causa de minha hipocondria, eu me libertei desse transtorno mental, a hipocondria.





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