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Foto do escritorOsvaldo Shimoda

Síndrome do Pânico

Eu quero trazer um caso verídico que atendi em meu consultório.


É o caso de uma mulher de 35 anos, solteira, cujo problema que a trouxe a fazer a regressão de memória foi a síndrome do pânico, isto é, a falta de ar, ansiedade, angústia, taquicardia, medo da morte, e diarreias constantes, há 2 anos, e que duravam de 3 a 5 dias, todo o mês.


Procurou médicos especialistas em gastroenterologia, endocrinologia, psicólogos e psiquiatras, sem nenhum resultado. Clinicamente não tinha nada, pois fez todos os exames necessários, sem acusar nada.


Os ataques de pânico e, principalmente, a falta de ar, davam em locais onde havia muita aglomeração de gente (metrô, cinema, shows).

Nesses locais, ela se sentia oprimida com a agressividade e estupidez das pessoas.

Na 1ª sessão de regressão, numa vida passada, ela viu a cena do seu pai a abraçando, numa rua, com muitas pessoas; sua mãe estava com seu irmão no colo, gritando desesperada, e muitos soldados empurrando a multidão.


As pessoas corriam, os guardas gritavam, escutou um tiro, mais atrás. Não sabia o que estava acontecendo. Abraçou forte o pai, pois tinha medo de perder seus pais.


Ela me relata: -Tem alguma coisa lá na frente... É um caminhão, onde vai formando ao seu redor um enorme círculo de pessoas.


Algumas pessoas gritam. Tenho medo de chegar na frente, onde está o caminhão. A multidão vai empurrando. Meu irmão está quieto, com o olhar assustado. Vejo crianças, perdidas dos pais, gritando.


Chegamos mais perto do caminhão, os soldados estão separando as pessoas.


Eles acabam me separando de meus pais e de meu irmão. Estou em pânico por eles terem me separado de minha família e de ter que subir no caminhão.


Chora bastante, entro em desespero, pois os vejo ficando para trás. Nunca mais vou vê-los (fala chorando muito).


Tenho 17 anos e o ano é 1944.


Os soldados estão vestidos de uniforme liso, botas altas, pretas, iguais das suas armas. Alguns usam capacetes e outros não.


Sou branca, loira, olhos claros, e, visto uma blusa branca, e um casaco pesado.

- Avance mais para frente nessa cena – Peço-lhe.

- Vejo um salão grande, com muitas garotas de minha idade. Não estou mais com aquele casaco e estou descalça. Tem uma mulher fazendo vistoria.


Vão chegando mais outras garotas. Estão todas assustadas. Essa mulher fica olhando fixamente para elas e escolhe algumas delas para saírem daquele recinto. Eu não queria que ela me escolhesse, mas acabo sendo escolhida também.

Todas saem daquele recinto em fila. Fico pensando nos meus pais e no meu irmão. Queria estar junto deles. Eu tinha mais dois irmãos. Eles não estavam quando os soldados nos tiraram a força de dentro de nossa casa.


Os guardas começam a gritar. A gente tira as roupas no corredor e saímos nuas em direção a um salão menor, cujas paredes eram de cor escura e cinza.


Há uma menina do meu lado, eu me agarro nela, chego a machucá-la. Ficamos amontoadas nesse novo recinto. Os soldados fecham a porta e o ambiente fica na penumbra.


Eles ligaram alguma coisa... Começa a sair uma fumaça. Sinto muita sede, o cheiro é muito forte, ardido (paciente tosse muito, com dificuldade de respirar).


A gente grita, uma agarrada na outra, sei que vou morrer, e que nunca mais irei ver meus entes queridos.


Tento subir na parede para sair pela janela, mas não consigo, pois é muito lisa. Vou escorregando para o chão, eu me debato muito.


Nesse momento, no divã, onde ela está deitada fazendo a regressão, seu corpo e suas mãos ficam contraídos e seu rosto fica todo desfigurado. Em seguida, ela me diz que parou de respirar...


No momento de sua morte, veio na sua frente a imagem de seu querido irmãozinho. Ela me diz: - Queria tanto cuidar dele!


Eu pergunto se ela identifica alguém na vida atual que seja a reencarnação dele?


De imediato, identifica o seu sobrinho, filho de sua irmã.

Agora entende o porquê de nutrir por ele tanto carinho.

No final da sessão, consegue fazer uma analogia do que aconteceu com ela nessa existência passada e o seu problema na vida atual de falta de ar, a sensação de pânico, e de se sentir agredida dentro do metrô.


Na vida atual, ao ser empurrada no vagão do metrô, o amontoado de pessoas no horário de rush, disputando o mesmo espaço, a falta de ar e a penumbra da luminosidade do vagão, fizeram com que ela revivesse a mesma sensação de pânico e de medo que sentira dentro da câmara de gás, que a matou na encarnação passada.

Após ter identificado na regressão de memória a causa de seu problema, observada agora sob um novo ângulo e mais bem compreendida, a paciente se libertou das amarras de seu passado.


Posteriormente, ao se submeter a mais 5 sessões de regressão, ela teve alta, e nunca mais sentiu aqueles sintomas do pânico que tanto a incomodavam.




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