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  • Foto do escritorOsvaldo Shimoda

Humildade é aceitar as perdas da vida

Atualizado: 7 de jun. de 2018


A vida é feita de ganhos e perdas; no entanto, perder – para a grande maioria das pessoas – é algo inaceitável.

É o caso do crime passional. A esposa diz ao marido que não o ama mais, que conheceu outro homem, e, que por isso, quer o divórcio. Ele reage dizendo: – Se você não me quer mais, então, não vai ser de mais ninguém. E dá um tiro na cabeça da esposa.

Há também aquele que prefere reagir a um assalto e perder a sua vida, do que entregar seu carro ao assaltante. E há ainda o que escolhe tirar sua vida, suicidando-se, do que encarar a falência de seu negócio, recomeçar, e, dar a volta por cima. Mas, para isso, é preciso ter resiliência, humildade, saber lidar com as perdas da vida.

É o caso de uma paciente de 42 anos, que veio ao meu consultório, junto com o marido. O casal perdeu o único filho de 14 anos, há um ano.

Ela me contou chorando, que na segunda-feira de manhã, deixou seu filho na porta do colégio e seguiu com o seu carro ao seu consultório (ela era dentista).

Chegando lá, seu celular tocou, era a diretora do colégio. Ela lhe pedia que retornasse com urgência ao colégio porque havia acontecido uma coisa muito grave com seu filho. Ao chegar no colégio, na porta, viu a ambulância do S.A.M.U (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). O médico, a enfermeira e a Diretora do colégio, aguardavam-na.

O médico a recebeu e lhe disse que seu filho teve um infarto, que tentou reanimar seu coração com o desfibrilador (aparelho que dispara um choque elétrico no tórax) mas, infelizmente, ele não reagiu e entrou em óbito. Ele a levou até o corpo de seu filho, que estava coberto por um lençol branco, no pátio do colégio. Ele estava caminhando em direção à sala de aula, onde teve o infarto.

A paciente quando viu seu corpo deitado naquele cimento frio, não aguentou e desmaiou. Desde então, vivia a base de medicamentos – ansiolítico, antidepressivo e calmante, pois não conseguia dormir, por causa da insônia. Sentia -se culpada, achava que foi negligente como mãe, que deveria tê-lo levado ao médico para exames periódicos.

Não se conformava, vivia angustiada, depressiva, parou de trabalhar. Não queria mais receber visitas em casa, sair. Só saía para fazer psicoterapia com uma psicóloga – desabafava com ela, mas a angústia, depressão, a culpa, a dor da perda, a saudade, persistiam.

A dor era tão grande, que ela e o marido resolveram frequentar um centro espírita Kardecista em busca de notícias de seu filho falecido, através da psicografia. Como não receberam nenhuma notícia dele, resolveram então frequentar outro centro espírita, mas também não obtiveram êxito. Frequentaram mais duas casas espíritas, e não conseguiram nenhuma mensagem.

Ao fazer a busca no google sobre a dor da perda, ela acabou entrando no meu blog, onde leu vários relatos de meus pacientes que passaram pela TRE (Terapia Regressiva Evolutiva) – A Terapia do Mentor Espiritual. Ela leu que muitos dos meus pacientes chegaram a conversar nas sessões de regressão com seus parentes desencarnados.

Então, ela e o marido vieram ao meu consultório para conversarem com o filho falecido. Na entrevista de avaliação, ela me disse chorando: – Dr. Osvaldo, eu e o meu marido fomos em alguns centros espíritas e não conseguimos nenhuma mensagem psicografada de nosso filho. Por isso, resolvemos procurar o senhor, pois quero saber como está meu filho?

Respondi, dizendo-lhe que não podia lhe dar garantia que ela iria conversar com seu filho, nessa terapia, pois isso não dependia só de mim como terapeuta.

Aproveitei o momento e citei a frase do médium Chico Xavier a respeito da comunicação com o mundo espiritual: “A comunicação com o mundo espiritual, o telefone só toca de lá para cá”.

Expliquei, que para ela se comunicar com o seu filho, precisava da permissão do plano superior. Portanto, são os espíritos superiores do Plano Maior que determinam, autorizam a comunicação com os nossos entes queridos desencarnados.

Ela entendeu; então, me disse que queria tentar conversar com seu filho. Mas, deixei bem claro, ressaltei na possibilidade de ela não conseguir conversar com seu filho, já que isso não dependia exclusivamente de nós.

A paciente deitou no divã e seu marido ficou em nossa companhia, assistindo a sessão.

Após a prece e o relaxamento progressivo do corpo e da mente, pedi-lhe que imaginasse um portão e o abrisse (o portão é um dos 7 passos da técnica dessa terapia. Ela funciona como um portal da espiritualidade, que separa o presente do passado, o mundo terreno do mundo espiritual).

Dentro do portão, ela viu o plano Espiritual de Luz, um jardim bem vasto, e um horizonte infinito. Pedi-lhe que entrasse nesse Jardim, nesse gramado vasto.

Mas ela me disse: – Dr. Osvaldo, não consigo atravessar esse portão… Parece que tem uma parede invisível que me impede de atravessá-lo. Eu intuí que essa parede invisível era providencial, proposital, para ela não atravessar.

Então, pedi-lhe que ficasse parada nesse portão, e que aguardasse (ficamos 10 minutos em silêncio, aguardando).

Após esse intervalo de tempo, ela me disse: – Estou vendo lá do fundo desse Jardim, no horizonte, uma mulher e uma criança, descalços, com um roupão branco, aproximando-se do portão. Mas eles pararam, chegaram até uma certa distância do portão, e, não se aproximam (pausa).

Eu intuí que essa mulher e a criança não se aproximaram mais perto do portão, onde a paciente estava, pois isso poderia provocar uma comoção muito grande nela. Intuí também que essa criança era o filho falecido dela. (pausa).

A paciente me disse: – Agora estou conseguindo enxergar melhor os dois…Meus Deus!

É o meu filho! (paciente grita, chorando muito)

Filho, por que você me abandonou? Você era meu único filho! Por quê?

– Tente se acalmar para que possa conversar com ele – peço-lhe. (pausa).

– Dr. Osvaldo, ele me fala (paciente intui) que os espíritos superiores o autorizaram conversar comigo, nesse portão, porque ele se sente muito perturbado, pois todas às noites, antes de eu dormir, eu fico chorando, chamando-o. E isso está atrapalhando, prejudicando a sua recuperação lá no astral.

– Mas filho, sinto saudade, sinto muito a sua falta. O normal da vida não é o filho enterrar seus pais? (pausa).

– Dr. Osvaldo, estou vendo agora, nesse portão, um ser de túnica branca… Ele diz que é o meu Mentor Espiritual. Ele pede para eu me acalmar, me controlar para que possamos conversar (paciente fala, chorando muito).

– O senhor fala isso porque não perdeu um filho! (grita, chorando).

– Eu já falei para você se acalmar! – diz o seu Mentor Espiritual

– Quem você pensa que é?

– Você é Deus?

– Tem o poder sobre a vida de seu filho?

– Minha filha, você precisa ter humildade!

– Humildade é aceitar as perdas da vida. Não se culpe! Seu filho era para ter partido com 12 anos, mas, resolvemos adiar, esperar mais 2 anos para te preparar melhor psicologicamente.

– Filha, ele já havia cumprido a sua estadia aí na vida terrena. Por isso, não se culpe! (pausa)

– Dr. Osvaldo, meu filho fala que ele já precisa ir. Diz para falar para o pai dele que o ama muito, que ele também tem muita saudade de nós (o marido que estava assistindo a sessão, chora muito).

– Dr. Osvaldo, agora o meu filho está desenhando no ar, com os dedos, um coração, e manda um beijo para nós. Adeus, meu filho! Papai e eu te amamos muito! (fala chorando). (pausa).

– Ele e aquela senhora, que parece uma enfermeira, estão dando as costas, afastando-se, voltando para o mesmo lugar de onde vieram, no horizonte desse jardim… Eles sumiram nesse horizonte.

Na sessão seguinte, ela me disse: – Depois daquela sessão, quando chegamos em casa, dormi profundamente. Fazia tempo que não dormia assim.

Tirei um peso enorme de minhas costas por causa da culpa que carregava. A culpa, a angústia que sentia no peito, aquela tristeza profunda sumiram. É impressionante!

Refleti bastante o que meu filho me disse, que eu estava prejudicando-o, chamando-o quando ia dormir; não estou mais fazendo isso.

Quando vou dormir, agradeço a Deus por ele estar bem no plano espiritual. Não sabia que eu o estava prejudicando. Como agora sei que ele está bem, estou mais tranquila. Mas a saudade continua (fala chorando).

– Saudade, você vai sempre sentir! – Digo-lhe.

– Refleti também o que o meu mentor espiritual me disse, que preciso ter mais humildade. Realmente, sou muito controladora, quero ter controle de tudo. Por isso, não me conformei com a morte inesperada de meu filho.

Conversei com meu marido, vou voltar a trabalhar, até mesmo para ocupar a minha mente. Mas o fato de ter visto e conversado com o meu filho, fez me sentir muito bem. Agradeço a Deus por essa benção, pela oportunidade que tive de conversar com meu filho naquele jardim. Nunca mais vou esquecer! Quero lhe agradecer também, Dr. Osvaldo, e a essa terapia maravilhosa, bem como ao meu mentor espiritual, pelo “puxão de orelha” que ele me deu, pois só aqui consegui conversar com meu filho. Muito obrigada!

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