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  • Foto do escritorOsvaldo Shimoda

E não é que ecziste?

A história de um jornalista que passou pela TRE (Terapia Regressiva Evolutiva) e se tornou um ex-cético (extraído da revista Sexy- Edição 408/Dezembro de 2013)

Desde pequeno evitei papos sobre fantasmas, espíritos e bruxaria. Era alguém começar com esse lero-lero e eu já mandava na lata: “Já tenho problema demais na vida real”.

Para mim bastava o que a ciência conseguia provar. Talvez por isso sugeri uma reportagem sobre regressão espiritual. Queria provar que isso tudo era fruto da mente em transe, no melhor estilo bién dormido do show do Fábio Puentes.

Eu queria dar uma de Padre Quevedo e falar: “Isso non ecziste!”, mas ao final do tratamento com o doutor Osvaldo Shimoda – criador da TRE (Terapia Regressiva Evolutiva) -, dei com os burros n’água. Descobrir quem você foi em vidas passadas, sim, ecziste. E, ao contrário do que eu pensava, não arranjei mais problemas com o além. E, sim, soluções. E o melhor de tudo é que não precisei ir a nenhum templo todo domingo, nem entregar 10% do meu salário a ninguém. Resolvi várias questões comigo mesmo e, ao que tudo indica, com espíritos ao meu redor.

O Dr. Osvaldo Shimoda atende em uma simpática casa de bairro em São Paulo. Quem vê de fora não imagina que depois da porta rolam verdadeiras DR’s espirituais.

A coisa funciona mais ou menos assim: o cliente vai lá e fala para o terapeuta seus principais problemas. O Dr. Osvaldo, um japonês baixinho, agradável e risonho, o coloca em estado de semiconsciência, que permite que haja a comunicação com o seu mentor espiritual.

É ele quem te mostra às cagadas que você fez no passado e te ajuda a resolvê-los. E, acredite, você não volta para descobrir que era um pastor de ovelhas querido, justo e fiel. Provavelmente, você vai se deparar com os seus problemas e vícios mais profundos. Então, nem sempre é legal.

Claro, você não vai chegar lá e ter visões depois de cinco minutos. É preciso se esforçar. Ou nas palavras do Dr. Osvaldo: “ter humildade, fé e esclarecimento”.

Não se pode ir a uma sessão de regressão querendo encontrar o “truque”, assim como uma criança que tenta ver de onde saiu o coelho da cartola do mágico. Eu, que fui lá para desbancar o cara, saí pensando: “Ok., preciso dar uma chance a esse japa, senão vou perder meu tempo. E o dele”.

Cheguei à minha primeira sessão na semana seguinte, depois de ler algumas páginas sobre a terapia e, consequentemente, com o tal do “esclarecimento” que o doutor pediu. Mas o principal era: eu estava lá de peito aberto. Em todas as sessões, Osvaldo segue o mesmo procedimento: pede para o paciente se deitar, liga uma música ambiente e apaga as luzes. Depois de fazer uma oração, ele pede, pronunciando longamente as vogais, que o paciente feche os olhos, que relaxe o corpo ao máximo e que preste atenção em todos os seus cinco sentidos, afinal a manifestação de um espírito pode não necessariamente ser visual ou auditiva. Pode ser tátil, aromática e até paladar. Ele pede, em seguida, para que o paciente faça na mente um caminho que se inicia em um canteiro com um calmo lago, segue por uma escada “da cor que você preferir” e termina em um portão, que você abre depois de uma contagem regressiva de cinco segundos. É quando esse portão mental se abre que as primeiras manifestações acontecem. Não foi exatamente assim comigo.

Desde o começo desse caminho eu não conseguia ver meu avatar andando. Eu bem que tentava, mas só via uma criança que eu tinha certeza que não era eu. O ambiente estava claro e eu já sabia que isso era indicativo de que não se tratava de um espírito obsessor (esses costumam aparecer em ambientes escuros).

Comuniquei ao Osvaldo e ele me pediu que fizesse algumas perguntas a esse menino. Ele demorou, mas me respondeu. Estava muito triste. Eu também. Pedi perdão e chorei copiosamente. Terminada a sessão, consegui me resolver com esse espírito.

Na sessão seguinte, comecei vendo uns feixes de luzes coloridas em um fundo escuro. Aquele espetáculo estava bonito, mas fiquei com medo de estar finalmente diante de um encosto. Assim que comuniquei ao Osvaldo, o fundo ficou branco e entendi a mensagem: “Estou fazendo para te tranquilizar”. Era minha mentora espiritual, uma mulher bonita, por sinal. É importante explicar que essas conversas com os espíritos não acontecem, em geral, por meio da audição. Eu pensava e, de repente, as respostas vinham por meio de sensações. A mensagem chegava a mim inteira, sem passar pela tradução da linguagem. É muito louco, mas é assim que é.

Pode ser que eu estivesse criando tudo aquilo? É muito difícil. Em uma das sessões, ao todo foram sete, minha mentora pediu para que eu falasse ao Osvaldo: “A terapia será difícil, porque o Juliano (jornalista) é muito arrogante”. Falei só a primeira parte, tentando engambelar. “Osvaldo, ela está me dizendo que a terapia será difícil”. Enquanto Osvaldo tentava pôr panos quentes, ela dizia para mim: “Fale que você é arrogante e fale que você não ia dizer isso a ele”.

Acredite, meu cérebro não conseguiria me pregar essa peça tão elaborada. É impressionante desse jeito. Mas vamos falar da regressão em si. Porque sim, eu voltei. E como voltei.


OBSESSORES E VIDAS PASSADAS


“A grande maioria dos pacientes tem um espírito obsessor, que pode afetar a vida da pessoa em maior ou menor grau”, falou Osvaldo. Comigo foi o pacote completo. No meu caso, o espírito obsessor era de uma mulher que eu seduzi e depois descartei. Ela se manifestava na terapia por meio de tremores involuntários que eu sentia principalmente nas pernas. Quando a encarei de frente, a tremedeira foi tanta que o divã andou. Osvaldo, por já ter visto coisa muito pior, manteve a calma. Em uma sessão com outro paciente, por exemplo, ele disse que viu os olhos da pessoa ficarem totalmente pretos. ‘Foi a experiência mais próxima de um filme de terror que já ocorreu aqui”, disse. Mas então quem era eu, afinal?

Naquela vida, a que eu dei maior vazão aos meus vícios e prejudiquei a minha obsessora, eu era um fazendeiro não muito rico que desperdiçou o restante da fortuna da família com bebidas, jogos e mulheres e não deixou herdeiros.

Basicamente, eu encerrei a história de minha família e não deixei legado nenhum para ninguém. Uma beleza. Não consegui reconhecer exatamente em que país ou em que época isso aconteceu, mas reconheci algum traço de minha personalidade naquela figura nefasta. Quer terapia mais eficiente que essa?

Antes de fazer com que eu visse as cenas dessa vida passada, minha mentora alertou: “Ver os seus piores defeitos em seu maior potencial não é lá a melhor experiência desse mundo, mas é uma maneira bastante eficiente de você evitá-los”.

E vale lembrar que geralmente o motivo para um espírito obsessor continuar acompanhando uma pessoa encarnada é algum comportamento que ela mantém na vida atual.

Eu me reconheci naquele comportamento e tentei me redimir com uma oração proposta por Osvaldo. Em um trecho da oração eu teria que repetir os versos: “Eu te perdoo e você me perdoa”. A coisa é tão maluca que eu não conseguia dizer essas palavras. Eu dizia: “Eu te perdoo, você NÃO me perdoa”. O espírito não me deixava dizer que ele me perdoava. Ou seja, a minha obsessora ainda percebia que eu trazia nessa encarnação algo que fez com que ela me acompanhasse até hoje.

Como em tudo na vida, não adianta só sair pedindo desculpas e continuar repetindo as cagadas. Para os espíritos, ainda mais que para as pessoas, a atitude é que conta.

Encerrada a terapia, saí com a sensação de que não estou sozinho nessa vida, o que por si só já é algo muito importante. Todas as perguntas que fiz no primeiro papo com o Dr. Osvaldo foram respondidas. Mas, ao mesmo tempo, percebi como essas perguntas eram irrelevantes para meu autoconhecimento. O buraco geralmente é mais embaixo. Outra coisa sensacional é que agora também sei que estou em conexão com uma entidade superior que me quer bem, a minha mentora espiritual.

Isso é emocionante. Mas e se aquele Juliano cético do começo da terapia estiver certo? De uma forma ou de outra, a real é que saí do consultório uma pessoa melhor. E hoje eu apenas prefiro acreditar.


T.V.P X T.R.E


A TRE (Terapia Regressiva Evolutiva) foi criada pelo Dr. Osvaldo Shimoda, que ministrou a minha terapia. É uma alternativa ao método de regressão mais conhecida, a TVP (Terapia de Vida Passada), criada pelo psicólogo americano Morris Netherton.

A diferença, basicamente, é que na TRE a terapia é conduzida por uma entidade espiritual chamada mentor espiritual. Já na TVP, o próprio terapeuta conduz a experiência. Mesmo sendo um dissidente, Osvaldo reconhece a importância da TVP, que foi criada em 1967. Segundo o terapeuta: “Para mim e para todos os terapeutas que trabalham com regressão, o Dr. Netherton é tão importante quanto Freud”.




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