Há muito tempo, atendi um casal, que veio ao meu consultório, por indicação de um médico especialista em reprodução assistida, ou seja, que fazia tratamento de infertilidade humana.
A paciente, mulher de 32 anos, submeteu-se a vários procedimentos de inseminação artificial (os espermatozoides do marido, foram introduzidos dentro de seu útero). Havia a fecundação e a formação do zigoto (célula - ovo), mas, não ocorria a aderência, ou seja, a célula-ovo não se fixava em sua parede uterina e, com isso, era expelida com a menstruação.
Como a paciente não conseguia engravidar, o seu marido perguntou ao médico, se ele indicaria uma clínica de reprodução humana no exterior, com mais recursos tecnológicos. O médico lhe esclareceu que o Brasil em termos de reprodução humana, eratão desenvolvido quanto os países do primeiro mundo.
Mas, o marido insistiu; então, o médico lhe indicou um colega norte-americano, que tinha também uma clínica de reprodução em Houston, em Texas, nos EUA. O casal foi até lá, mas, a paciente também não conseguiu engravidar pelo mesmo motivo: a célula-ovo não se fixava na parede do útero.
Frustrados, voltando ao Brasil, resolveram procurar novamente o médico brasileiro. Sem saber o que fazer, o especialista disse ao casal: – Como médico, fiz tudo o que estava ao meu alcance, não sei mais o que fazer? Olha, a minha esposa fez uma terapia, regressão de memória, com um terapeuta oriental, Osvaldo Shimoda, que é o seu nome.
Não o conheço pessoalmente, mas, ela, após a terapia, não está mais depressiva. Antes de procurá-lo, a minha esposa tinha feito terapia com uma psicanalista e não obteve resultado. Ela me disse que esse terapeuta oriental, trata também de mulheres com dificuldades de engravidar.
Assim, o casal resolveu me procurar. Na 1ª sessão de regressão, pedi que o marido a aguardasse na sala de espera de minha clínica, pois, ela nos disse que se sentiria mais à vontade, sem a presença dele na sessão de regressão. Percebi, que o seu marido era muito ansioso e controlador.
Após ele sair da sala de consulta, a paciente me confidenciou, que, na verdade, era o seu marido que queria muito ter um filho biológico, mas, por ela, adotaria uma criança, já que não estava conseguindo engravidar. O sonho de seu marido era ter um filho biológico, mas não importava o sexo da criança.
Na 1ª sessão de regressão, após passar pelo relaxamento progressivo do corpo e da mente, pedi à paciente que atravessasse um portão (recurso técnico que utilizo, onde peço ao paciente imaginar um portão, que, na verdade, é um portal que separa o presente do passado, o mundo terreno do mundo espiritual).
Ao atravessá-lo, ela começou a chorar, gritando muito, o seu corpo ficou todo contraído, com os punhos cerrados.
Terapeuta: - O que você está vendo, ouvindo ou sentindo?
Paciente: - Não sei... Não vejo nada. Só sinto muitas dores! (fala, chorando muito).
Terapeuta: - Qual a parte de seu corpo que você está sentindo às dores?
Paciente: - Sinto muitas dores, cólicas, no útero e na região abdominal. Ái que dor, meu Deus!
(grita, chorando muito).
O marido que estava na sala de espera, no térreo, ao ouvir os gritos e o choro da esposa, subiu correndo a escada e bateu com força a porta, perguntando: - Bem, o que está acontecendo?
Quando abri a porta, ele me perguntou: - Por que a minha esposa está gritando e chorando? O que está acontecendo? Eu quero vê-la!
Terapeuta: - Calma! Peço-lhe para entrar e ver à sua esposa, que estava deitada no divã.
Ela lhe falou: - Bem, está tudo bem! Não se preocupe, você está atrapalhando à consulta. Espere lá embaixo, por favor!
Ele me perguntou, preocupado e desconfiado: - Mas que raio de terapia é essa? Por que a minha esposa estava gritando e chorando tanto?
Terapeuta: - Na regressão de memória, muitas vezes, o paciente revive experiências traumáticas de seu passado, comumente, com uma carga emocional muito intensa, que estavam reprimidas em seu inconsciente; por isso, o choro, os gritos de sua esposa. Entendeu?
Marido: - Sim, agora estou entendendo.
Nas semanas seguintes, a paciente passou por mais 2 sessões de regressão e continuava regredindo da mesma forma: chorando, gritando muito, sentindo cólicas intensas e contorcendo o seu corpo, mas, não via nada.
Na 4ª sessão, desta vez, ela regrediu e viu uma cena de uma vida passada.
Paciente: - Estou grávida, vejo a minha barriga de grávida... Sou faxineira, uso um lenço na cabeça, minha roupa é de uma época antiga... Não sei precisar de que época?
Estou limpando a vidraça da parte externa da casa de minha patroa, que fica no andar de cima, e, quando me levanto, sinto tontura, e, acabo caindo escada abaixo... Vejo o meu corpo estatelado no chão, com a barriga para baixo. Foi uma queda muita violenta! (silêncio).
Agora, estou volitando no ar e, embaixo, vejo-me deitada na cama, o lençol ensanguentado...
Meu Deus! Estou morta, em espírito, olhando de cima, vejo o meu corpo, escorrem muito líquido e sangue pela vagina! Com a queda, eu e a criança, acabamos morrendo! (chora copiosamente).
Terapeuta: - Você traz à vida atual, o trauma psicológico da forma como você e o nenê morreram nessa vida passada. Por isso, hoje, não consegue engravidar. Na verdade, é a sua mente que provoca o descolamento da célula-ovo para não engravidar, pois, inconscientemente, você associa a gravidez à sua morte e a da criança.
Paciente: - Dr. Osvaldo, eu não lhe falei e nem o meu marido sabe, mas, sempre tive muito medo de engravidar e passar por um parto. Aliás, quando vejo uma mulher grávida, eu me sinto incomodada, me afasto, não quero ficar perto dela. Sempre pensei em adotar uma criança, e, agora, entendo o porquê? Tenho um pavor enorme de passar por um parto. Eu negava para mim esse pavor.
Terapeuta: - Você sofre de Tocofobia (medo excessivo de engravidar ou de passar por um parto).
Certamente, esse medo intenso é reflexo desse trauma psicológico de ter perdido à sua vida e do nenê, no parto. Mas, hoje, não precisa passar por um parto; você pode escolher, junto com o seu médico, passar por uma Cesária. Já pensou nisso?
Paciente: - Não havia pensado. Realmente, posso optar em passar por uma Cesária e não por um parto, já que tenho tanto medo de eu e o nenê morrermos, durante o parto.
Conclusão:
Após o término da terapia, um ano depois, a minha esposa estava em meu consultório, num sábado à noite, aguardando eu encerrar o meu atendimento, para jantarmos num restaurante japonês. A secretária eletrônica foi acionada, uma voz masculina, alterada, falou gritando: - Osvaldo, a Sandra (nome fictício de minha paciente) está grávida, graças a você! Você é o responsável por isso!
Ao encerrar o meu atendimento, logo que a paciente foi embora, a minha esposa me questionou: - Quem é a Sandra? Quem é o homem que gritava, alterado, na gravação da secretária eletrônica, falando que você era responsável por engravidar essa tal de Sandra?
Sem entender direito o que ela estava falando, acionei a secretária eletrônica, e escutamos a gravação. Depois de ouvir a mensagem, eu a acalmei, explicando que essa voz masculina, alterada, era do marido da Sandra, minha paciente, e o casal me procurou porque ela não conseguia engravidar. Por isso, ele estava eufórico, pois, sua esposa, finalmente, conseguiu engravidar, graças à essa terapia, a TRE (Terapia Regressiva Evolutiva).
Mais calma, ela me falou aliviada: - Agora, entendi. Nossa! Que susto! (com a mão no peito).
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