Certa ocasião, atendi um paciente de 35 anos, solteiro, descendente de japonês. Na entrevista de avaliação (anamnese), percebi que sua mão direita estava engessada, e lhe perguntei como havia fraturado à mão?
Ele me respondeu: - É esse o motivo, que me fez vir à essa terapia. Dr. Shimoda, desde criança, sou muito nervoso, detesto ser contrariado, não consigo ouvir um não. Não fui uma criança mimada, meu pai soube me educar, ele colocou limites em mim. Dizia, que se tivesse dinheiro, compraria o que eu pedisse; porém, se não tivesse, não adiantava espernear, chorar, pois ele não iria atender o meu pedido.
Mas, mesmo assim, quando ele dizia não, eu tinha ataques de fúria, chutava à porta, xingava, chorava, ficava nervoso e muito inconformado. O senhor me perguntou, como fraturei à minha mão?
A minha noiva me contrariou, fiquei muito nervoso e, para não esmurrar a cara dela, esmurrei a parede com tudo e fui parar no Pronto-Socorro. Depois desse incidente, ela me indagou: - Você ia me esmurrar. Se a gente casar e ter filhos, você vai esmurrar também os nossos filhos, se eles te contrariarem? Não sei se vou casar com você? Ou você procura um tratamento psicológico, ou vou me separar de você agora!
O paciente resolveu fazer a terapia comigo (o seu irmão, que foi meu paciente, que indicou o meu nome para ele). Ao passar pela regressão de memória, soube por que, hoje, tinha acessos de fúria, quando era contrariado: numa vida passada, ele se viu como governador muito poderoso de uma província japonesa. Era um político muito temido, pois era muito amigo do imperador.
Quando alguém o contrariava, ele mandava matar ou ele mesmo matava com suas próprias mãos. Na vida atual, ele trouxe resquícios de personalidade desse governador japonês violento, que foi nessa vida pretérita. Hoje, ele evoluiu, nunca matou ninguém, mas, quando era contrariado, tinha “vontade de matar”.
Defendo a tese, que a personalidade humana não se forma, mas, sim, se revela. Freud, o pai da psicanálise, dizia que a personalidade se formava nos primeiros anos de vida da criança. No meu entender, já nascemos com uma personalidade definida de outras vidas, ou seja, traços negativos e positivos de personalidade, como foi o caso de meu paciente.
Trazemos também, hábitos, crenças e comportamentos de outra vidas, bem como os traumas psíquicos (a palavra trauma vem do grego e significa “ferida”) que influenciam em nossas ações hoje.
É o caso de outro paciente, de 40 anos, solteiro, profissional da T.I (Tecnologia da Informação).
Sentia-se mal em seu ambiente de trabalho, pois, havia muita competividade desleal, um querendo “puxar o tapete” do outro, para ascender em cargos mais elevados. Seus colegas o olhavam com soberba e faziam chacota com ele, além da falta de coleguismo, pois, ninguém ajudava ninguém.
Apesar do ambiente tóxico, não tinha coragem de pedir às contas e procurar outro emprego. Era um profissional qualificado, com experiência, mas, tinha baixa-autoestima, insegurança e medo de tomar decisões, que o levava a protelar suas decisões.
Numa das sessões de regressão, viu-se numa vida passada, como um prisioneiro judeu, num campo de concentração nazista. Vou descrever o que ele me relatou: - Estou num quarto, vejo várias camas, a gente dorme com muita fome e frio, pois, é inverno, neva muito lá fora. Todos usam pijamas listradas, vejo só homens, nesse quarto. Acordamos muito cedo para trabalhar e eu faço cercas de arame farpado.
Terapeuta: - Como você é fisicamente?
Paciente: - Sou alto, muito magro. Aceitei a condição de prisioneiro, estou conformado, sei que a qualquer hora, vou morrer. Não tenho medo da morte, estou resignado, só esperando à morte. À noite quando a gente se recolhe para dormir, vejo gente chorando, pois faz muito frio e só tem um cobertor fino para cada um. Apesar da tristeza, frio e fome que todos sentem, o ambiente é de solidariedade, companheirismo, todos se ajudam, muitos dão o seu próprio cobertor para quem sente mais frio.
Agora, amanheceu, estou numa mesa de refeição, com vários companheiros... Os soldados nazistas estão nos chamando e me chamam também... Acho que chegou à minha hora, vão nos executar... Há uma fila de 6 prisioneiros, sou o último da fila... Todos ficam enfileirados, um ao lado do outro, em frente aos soldados nazistas, que seguram um revólver.
Eles mandam a gente baixar a cabeça e executam a gente, dando um tiro... Vejo, agora, os soldados pegando os nossos corpos, jogam numa carroça, e ateiam fogo. Em espírito, vou me afastando da carroça em chama, e, vejo de cima, o campo de concentração nazista e a carroça pegando fogo, cada vez mais a imagem lá embaixo vai ficando distante.
Terapeuta: - Como você se sente em espírito?
Paciente: - Tenho noção de que morri, a sensação é boa fora do corpo, pois sinto paz e aliviado. (silêncio). Agora, vejo uma cena da vida atual, estou no meu trabalho, em frente ao computador, insatisfeito, infeliz, pensando se saiu ou não do emprego?
Terapeuta: - Qual é a sua dúvida?
Paciente: - Acho que a dúvida acabou, tenho que sair desse emprego, pois não me traz felicidade... Nessa vida passada, no campo de concentração, eu não tinha escolha, cedo ou tarde, eu iria morrer; por isso, estava conformado. Mas, hoje, não preciso ficar conformado, passivo, insatisfeito e infeliz, num ambiente de trabalho tóxico e hostil, e que me faz muito mal. Não preciso sentir, como eu sentia naquele campo de concentração, resignado, só esperando à morte chegar, eu não tinha escolha. Mas, hoje eu tenho escolhas, não sou mais um prisioneiro.
Conclusão:
Um ano após o término da terapia, o paciente me encaminhou um e-mail, dizendo que saiu daquele emprego, estava em um novo emprego, onde o ambiente de trabalho era o oposto do antigo emprego, pois sentia-se valorizado, a chefia e os colegas de trabalho o tratavam muito bem.
Encerrou o seu e-mail, dizendo que, se não tivesse feito a regressão de memória e tido a experiência de sua vida passada, no campo de concentração nazista, não teria tomado a decisão de sair de seu emprego.
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